quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pedro


Ele não acredita nas teorias sociais, e questiona o comportamento das pessoas sem nenhum pejo. Direta e indiretamente faz com que nos sentimos bem ao seu lado, mas ninguém sabe por que o rapaz tem esse comportamento.

Sua forma de lhe dar com a vida é diferente de tudo já visto, não é atraído pela moda, os padrões de beleza não seduzem sua atenção, não desdenha as pessoas, e muito menos demonstra inveja ou outro sentimento ruim típico da nossa raça. Até mesmo sua bondade é esquisita, parece sempre um mistério a forma como sua benevolência se manifesta.

Mistério seria uma boa descrição de sua personalidade. Com voz fraca, um tanto quanto rouca, fala cada palavra pausadamente de forma clara e suave, sua comunicação é ótima, todos entende sua mensagem, mesmo que seja acompanhada de muitas parábolas intrigantes. Sua aparência física é comum, não é tão belo, seus olhos são castanhos e sua altura é média como a maioria das pessoas que conheço, seu peso parece ser típico de um vegetariano. Suas roupas parecem terem sido compradas em uma loja barata, ou talvez, de um brechó, somente usa um tênis branco, liso sem marcas, mas limpo e conservado.

Um encontro com esse jovem seria um jogo de destino versus acaso, algumas vezes dizem:

- Eu o vi na praça alimentando os pássaros.

Outras pessoas afirmam:

- Aquele cara parece um fantasma, sempre está em lugares inusitados; como estradas desertas, no alto de pontes e algumas raras vezes nas catedrais e bibliotecas da cidade.

Nada sei sobre sua vida pessoal, uns dizem que ele mora do outro lado da cidade, alguns mais bisbilhoteiros falam que é louco, as crianças dizem que não é desse planeta, mas todos concordam em algo, é uma pessoa que traz muita paz com sua presença.

Na última vez que falou comigo chegou do nada, sem fazer barulho algum, disse algo sobre o medo da verdade, não lembro bem de suas palavras, mas sei que me ajudou, eu estava deprimido na época, encontrava-me no alto de um precipício, lembro que estava pensando em destruir minha vida, mas uma mão tocou meu ombro e fez um belo discurso, este que foi suficiente para eu desistir.

- Olá Pedro, novamente conversando sozinho? - É hora de seu medicamento. – Não me diga que ainda acredita no rapaz imaginário, que você afirma que salvou você do suicídio? - Todos viram você no telhado, nunca existiu precipício ou outra pessoa além de você naquele lugar, a não ser as pessoas na rua gritando pra você parar com aquela loucura.

– Você não despencou do telhado, em razão do desmaio repentino, e a sua puta sorte de ter caído para trás.

- Você mente doutor, eu não sou louco, o que estou fazendo aqui? – Me tirem dessa sala horrível! Socorro...meu nome não é Pedro, eu sou o um anjo do Senhor, esse corpo não é meu, essa voz não é minha, o que fizeram comigo? – Socorro...

Após a injeção o jovem dormiu profundamente e o doutor com um balançar negativo de cabeça saiu dizendo:

- Esse perdeu toda a razão.

- Só resta esperar pela morte, pois seu cérebro já não funciona.