quinta-feira, 30 de julho de 2009

Quinta

Quinta...
Quinta em meio ao frio e quinta em meio ao fogo...
Inverno estridente com o tilintar dos pobres dentes...
Hoje acordei sozinho e com frio novamente,
Escutei os carros a passar no telhado,
E com os olhos estalados fiquei sem motivo irado,
Minha parede via paisagem de bem aventurados,
Sem nada para comer e água para beber,
Mas também sem fome e sem sede,
Imaginei se ficasse doente,
Mas para o mundo eu já estava enfermo,
Não teria como correr e me restaria à morte esperar,
Já nem sei sobre meu aniversario,
Como nasci e quando esqueci,
Sou menino de rua que sofre no quinto na terra,
E que hoje neste dia de hoje
Que deve ser quinta-feira depois de tempos chorei,
Acordei com olhos remelentos e banhados de água,
Mesmo sendo velho me vejo menino,
Porque assim como menino preciso que cuidem de mim,
Não é comodismo e nem folga minha,
Sou fraco e tudo perdi de memória a milhões,
De amigos a paixões,
Sou escravo da escuridão de meus buracos,
Minha amiga é a lata que me mata,
E dessa amiga que disfarça,
Destrói, mas me tem fiel,
Meus pensamentos são vagos,
E choro sem saber por que,
Prostituo-me sem saber por que,
Mato sem pedir e roubo,
Sem saber por que beijei a lata,
Agora sei que vou falecer,
Sendo assim, vivo para morrer,
E morro a cada dia para viver.