quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ypy

Quero pensar em algo não pensado...
Poetizar o inimaginável
E depois beber de um vinho derramado

Quero sentir um sentimento jamais sentido...
Eternizar o inevitável
E depois gritar de um astro intocado

Quero caminhar por lugares inexplorados...
Descobrir o perder do não perder
Sendo assim, chorarei com sorrisos simples

Quero ser um tudo em meio aos nãos encontrados...
Viver a existência do não viver
Sendo assim, amarei com distâncias próximas.

Objeto

Afinal o objeto está torto
O objeto desleal bambeia
Corroído pelo cupim resiste
Quanta coragem em suas pernas
Na carcaça carrega marcas de tinta velha
Objeto experiente e não descartável
Vejo o móvel e logo penso
De que forma ele foi criado?
Qual artista esculpiu seus traços?
Um dia ele será lenha
De lenha a pó para um dia voltar
Puro, impuro ou outra coisa sabe lá
Mas elemento de um todo sempre será.

Insônia

Vaguei pelo corredor escuro,
Escuro, frio e calmamente vazio,
Encardi minhas belas meias brancas
Contando curtos passos noturnos.

Engoli café pobre no barro,
Zumbizando em ziguezague bronco
Balancei até chegar à poltrona,
Poltrona amiga de minha dona,

Lá jogado, sem dormi e cansado,
Exausto com olhos estalados,
Sem sono mais muito esgotado,

Poetizei meu olhar fundo de morto,
Mal tratado e com as pernas tortas,
Sem desgosto mais bem machucado.