quinta-feira, 29 de abril de 2010

Anja Endiabrada

Pare, escute e respire
Pare para amar
Escute o respirar
E respire o escutar
Faça de forma justa
Se for chorar, chore de amor
Se for gritar, grite de desejo
Mas tem que ser desejo molhado
Com espelho embaçado e marcado

Ao prazer somente deixe acontecer
Me envolva em seu pré orgasmo
Ouça o chuveiro ligado
Utilize esse corpo tarado
Amado e jamais renegado
Afinal, o que mais importa agora?
Seus mamilos não mentem
Posso sentir suas entranhas molhadas
Estamos no lótus do amor
Quem ousaria nos julgar!
Eu cavalgo em seu corpo
Agarrado em seu cabelos
E lembro de uma canção do Roberto

Ó minha amante universitária
Louca, linda e faiscante
Seu orgasmo dantesco
Me faz sentir um gigante
Agora desligue o chuveiro
Vou te enxugar
Cuidar de você
E voltar a te amar
A nossa guerra será nos lençóis
Minha anja endiabrada
Louca por amor e viciada em carícias

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Esquizofrenia

Converso com o vento para eu voar
A resposta do vento é me soprar
O beija-flor fala que é a natureza
Mas passaro dever voar, não falar

Converso com o mar para eu nadar
A resposta do mar é me molhar
O tubarão fala que é a natureza
Mas peixe deve nadar, não falar

Eu vejo homens entre outros animais
Ouço passaros, falo com ventos
E fico brando por ser soprado

Eu vejo homens entre outros animais
Escuto peixes, falo com mares
E fico calmo por ser molhado

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Renascimento

Explode coração,
Explode alma de fogo e pólvora,
Explode cálice de fogo, sangue e lágrima,

Flameje virgem,
Queime hímen, queime e chore alucinado
Cale verdade falaciosa, pedante e envolvente

Caia céu, mostre seu samba de roda ao algoz do amor

Evapore água, evapore e despreze o lago lívido, sem graça e sem vida

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ciúmes

- Me diga! Exclamou o namorado ciumento.

Com cara de poucos amigos, e ainda por cima com uma voz áspera de trovoada, queria saber onde a inocente companheira, focava seus olhares; era um controlador de olhos; escravo de uma palavra chamada ciúme, escravo não, dependente na verdade. Caras assim existem de monte no mercado, mas não vêm com rótulo e prazo de validade.

- O que você está olhando? Continuo, o rapaz.

- Eu, nada.

- Estava encarando aquele babaca de camisa vermelha. Gostou dele vai ficar com ele sua ...

- Que isso, sabe que eu te amo. Você tá ficando paranóico de novo?

- Então vai procurar um cara normal.

A mulher irritada com o ciúme do namorado, sem mais virou as costas, e partiu sem nada dizer; ela parecia estar horrorizada com aquela desconfiança; a agressividade com as palavras poderia ser apenas um ensaio para o abuso da força física.

- Espere, não de as costas pra mim, você é minha.

Todos na festa perceberam o destempero do casal; ela saindo em disparo, ele atrás gritando palavras de bar. Um vexame, comentavam os presentes.

Lá fora ele a alcançou e foi logo dizendo:

- Volte comigo por bem ou por mal.

Era uma ordem, como se ela fosse a propriedade dele, o rapaz estava agora agressivo ao extremo, totalmente desequilibrado. Começou a dizer que ela havia fugido da festa, devido ao amante que lá se encontrava. Mas que amante? Ela nunca vira o rapaz de vermelho antes.

- Eu não volto pra nenhum lugar com você agindo assim. Vou para o ponto de taxi, e não tente me impedir, ou gritarei por socorro, seu demente.

Então a jovem ferida pelo ciúmes do namorado, foi ao ponto, tomou o taxi e partiu pra casa. Sua tristeza era profunda, como poderá ele pensar isso dela, imaginou. As promessas da noite passada, sobre confiança e liberdade eram apenas promessas falsas, aquelas que se faz em mesas de bêbados e após o sexo.

- Vou parar aqui moço, tome o dinheiro, pode ficar com o troco.

- Obrigado senhora, tenha uma boa noite.

Ainda atordoada ela foi cabisbaixa em direção ao portão, quando escutou uma voz:

- Ei, pensou que iria deixar você escapar assim.

- O que está fazendo aqui? Você me seguiu? Está louco?

- Louco eu?

Os olhos dele estavam vermelhos, pareciam revelar uma sede maligna e vingativa. O ciúme tinha feito do rapaz um cão cego e perigoso, seu descontrole era tão claro, tão irreal pra ela, era o ponto máximo da loucura daquele homem.

A cada esquina, casa, escola, trabalho, e até mesmo em nosso interior identificamos o sentimento do ciúmes; a destruição de lares e amores, matéria eternamente utilizado por poetas e escritores; muitos até dizem que o ciúme é essencial para um relacionamento, mas será que isso não seria uma falta de confiança? Perguntas como essa estimula cientistas, filosofos e religiosos a focarem estudos no tema ciúmes.

- Olha eu amo você, por isso farei isso, temos que estar sempre juntos, você será minha por toda eternidade.

- O que é isso? Você está arma...do! Socorro! Não.....

O rapaz atirou na jovem, e logo após matá-la, suicidou enfiando uma bala na cabeça.

A palavra muitas vezes agressiva ou até mesmo atrativa, têm vários significados, a semântica causa mudanças no seu sentido, porém a palavra ciúme parece ter sempre o tom negativo, seja onde e quando for. Mas o foco não é a palavra, mas o sentimento destrutivo que o ciúme pode se tornar.

Duas mortes por causa de uma cara com a camisa vermelha, parece patético, mas na verdade não foi por causa do cara, mas sim devido ao ciúme patológico. Um mundo com amor, não pode ser um mundo doente, um mundo de inveja e ciúmes, um mundo com amor, precisa ser um mundo de confiança, respeito e coragem para enfrentar as fraquezas humanas em relação aos desejos e sentimentos, se não pode controlar o ciúme, tente compreende-lo, para poder sufoca-lo, antes que ele sufoque você.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Inerência

Eu amo você, porém quero ouvir seu querer

Precisa ser toda pra mim, mas sem finais e fins

Não uma ilusão, nem mesmo um pensamento

Almejo estar em ti, mas me faça sempre sentir


Deverei estar em seu corpo, transmitir mil pecados

Beijar os seus lábios as margens do mais belo lago

Sentir a sua pureza em cada aroma de chuva

Te amar ferozmente nesse outono candente

Sentir a verdade, sem temer a vaidade

Morrer de desejo, morrer de calor


Nunca fuja de mim, seria minha extinção

Nunca me de as costas, morreria de dor

Nunca negue nós dois, é tolice meu bem


Sou sua lenda urbana, o lençol em sua cama

Seu tesouro perdido, amante mais que bandido

O livro proibido que você revelou

Afinal ....sem você nada sou....